POR ELENA STOWELL
'Esta é a época de notícias de grande alegria!
Na semana passada, um atleta e ser humano verdadeiramente inspirador e com CORAÇÃO recebeu a faixa preta! Aqueles de vocês que estão na jornada do jiu-jitsu sabem que esse marco é alcançado por menos de 1% das pessoas que pisam no tatame. Considere o quão mais notável é o feito quando o atleta mora em Japeri, um município em dificuldades do Rio de Janeiro, viaja 90 minutos para treinar e é amputado de dois braços.
Luciano “Frango” Mariano tinha três meses quando sofreu queimaduras graves em um incêndio que resultou na amputação dos dois braços na altura do cotovelo. “Nunca me senti 'não normal'”, diz ele com um sorriso. “Eu simplesmente me sinto como eu.” Com o incentivo dos amigos da vizinhança, Luciano experimentou todas as coisas que as crianças fazem na infância – futebol na rua, andar de bicicleta, natação e jiu-jitsu. “Claro, fui esmagado... muito, mas foi divertido e agora posso esmagar pessoas também.” Luciano nunca se viu tão limitado, apenas como um cara que precisa fazer diferente. “No tatame somos todos iguais. Temos corpos diferentes, mas o jiu-jitsu mostra que um não é melhor que o outro. É o coração do lutador que importa.”
Crescer sem mãos ajudou Luciano a se adaptar de outras maneiras. Seus pés são muito hábeis. Ele pode fechar e descompactar a mochila com os pés, agarrar a ponta do quimono entre os dedos dos pés e passá-lo pelas costas para o outro pé (resultando em uma varredura) e lançar um triângulo perverso. Ele torcerá a manga na ponta do braço para criar uma pegada que rivaliza com a dos veteranos de Jiu-Jitsu. “Meu apelido é Frango. Significa frango. Mas me chamaram assim porque eu era um garoto magrelo, não porque tivesse medo das coisas.” Luciano gosta de competir e treina com a equipe Top Brother sob a direção do Mestre Cezar Guimarães e do Professor Paulo Marcio Reis.
Em 2014, com a ajuda da Hyperfly, da Carly Stowell Foundation e da Challenged Athlete Foundation, Luciano viajou para os Estados Unidos por um mês para treinar e competir. Apesar de não falar inglês, seu carisma e personalidade acessível fizeram dele uma espécie de celebridade na Pirâmide de Long Beach e em sua casa no Rio. Ele deu algumas entrevistas para a televisão e apareceu em livros sobre como superar adversidades. Desde então, Luciano subiu na hierarquia, ao mesmo tempo que ajudava outras pessoas através do esporte que tanto lhe deu. Ele tem um jeito gentil que atrai crianças tímidas para o tatame e lhes dá a confiança e a garantia de que o jiu-jitsu devolverá a elas toda a energia que colocaram nele e abrirá portas para experiências que nunca imaginaram serem possíveis.
Dizem que para ser faixa preta é preciso viver “o estilo de vida do jiu-jitsu”, e exemplificar as qualidades ensinadas pelas artes marciais, respeito, disciplina, integridade, honra, lealdade e CORAÇÃO. Luciano “Frango” Mariano, parabéns pela merecida promoção. Esperamos fazer parte do seu futuro nos tatames e na vida.